sábado, 11 de junho de 2011

Mensagem ao Governador

Governador, estou entre aqueles que fizeram a sua campanha GRATUITAMENTE.
Proibir aviãozinho de propaganda, proibir exibição de faixa, marcar reunião e desmarcar, escamotear a sua responsabilidade dizendo que quem solta é a Justiça Militar, é simplesmente ridículo. Imagine-se como Lula, que tinha as Forças Armadas, PF e jamais usou-as contra o povo. Volte atrás, Brizola já voltou, Covas já voltou, Lula já voltou quando resolveu apoiar Eduardo Paes. Ouça o seu Pai, ouça a razão, ouça a sociedade. Construa um Plano de Carreira para os Bombeiros, o soldado ganha os R$ 2.000 e as patentes mais altas não estouram o orçamento. Com R$ 2.000 para ser apenas o 10º salário no Brasil !Tô de olho, gás de pimenta no pessoal do Morro do Bumba, gás nas famílias dos bombeiros. Na história do Movimento Sindical o sr. ganhou o seu lugar, junto com a ditadura e o massacre e V.Redonda, FHC e os Petroleiros. Para começar, pague a mesma gratificação do BOPE e do CORE até a conclusão do Plano de Carreira. Será que o Sr. vai querer fazer Copa com esta situação não resolvida ? Está cada vez mais difícil eu justificar o meu voto no Sr. Obrigado, Celso Sá

domingo, 5 de junho de 2011

Bombeiros

Sobre a crise dos bombeiros, mandei a seguinte carta para leitores de O Globo :
Falta autoridade moral ao Governador, que em dezembro passado teve seu salário reajustado de R$ 13 mil para R$ 18 mil. Até Benedito Valadares há 70 anos em Minas, numa greve dos trabalhadores da Rede Mineira de Viação (ferroviários), optou por mandar um trem pagador a um outro cheio de policiais. Pagar 30 reais por dia a um profissional que salva vidas é um absurdo. Um vendedorde picolé ganha mais do que isso sem arriscar a vida.
Governador quanto ganha um "pompier" em Paris ?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Polêmica sobre o LIvro Didático

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Haddad: críticas têm 'viés fascista'


O Globo - 01/06/2011

No Senado, ministro diz que quem atacou livro de português não leu obra


BRASÍLIA. O ministro da Educação, Fernando Haddad, saiu ontem em defesa do livro didático "Por uma vida melhor" (Editora Global), distribuído pelo governo, este ano, a turmas de educação de jovens e adultos. Ele disse que os ataques à obra têm "viés fascista", já que a maioria das críticas parte de pessoas que não teriam lido o texto. O livro de língua portuguesa, destinado ao ensino fundamental, suscitou polêmica por dizer que seria correto falar com erros de concordância.
"Estamos vivendo uma pequena involução"


Haddad participou de audiência pública na Comissão de Educação do Senado. E comparou o procedimento de quem critica sem ler à atitude dos nazistas.


- Há uma diferença entre o Hitler e o Stalin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam os seus inimigos, mas o Stalin lia os seus livros antes de fuzilá-los. Nós estamos, portanto, vivendo uma pequena involução. Estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler - declarou.


A menção a Hitler e Stalin fez parte de uma resposta ao líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), que havia criticado o livro didático. Mais cedo, Dias afirmara que uma corrente do Partido Comunista soviético, na época em que Stalin chegou ao poder, tentara impor uma nova língua, que acabou barrada pelo próprio ditador. Para o senador, a obra distribuída pelo MEC faria algo semelhante, induzindo o Brasil a adotar uma variante popular da língua portuguesa.


- Eu entendo que a escola está ensinando a falar errado - disse Dias.


O livro "Por uma vida melhor" foi elaborado pela ONG Ação Educativa. No capítulo "Escrever é diferente de falar", o texto diz: "Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar os livro?" Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico."


O ministro sugeriu aos senadores que apresentassem propostas de melhoria do programa do livro didático, inclusive com a aprovação de lei para disciplinar seu funcionamento.

DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?

DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

Marcos Bagno
Universidade de Brasília

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.
Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia páginae saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos doque eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentementeconvencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no
mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de
petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da
variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem
transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os
alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,
com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu
modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada
em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de
comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.
Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro doconjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em
perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o
branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.
Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se
originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido
como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da
candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais
distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa nãosignifica automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los aomundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz
parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da
gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é
dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la
TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,
que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três
gatos pingados).
O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em quea defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe
devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?

Polêmica sobre o LIvro Didático’


Arquivo da categoria ‘Debate 07: Polêmica sobre o LIvro Didático’

Debate 07: POLÊMICA SOBRE O LIVRO DIDÁTICO (texto recebi por e-mail que circula na rede)

21/05/2011

Abralin comunica que se pronunciará em relação à polêmica do livro didático. Ainda hoje, encaminharemos a várias assessorias de imprensa um posicionamento. Estamos também negociando com um jornal de veiculação nacional a publicação de uma matéria paga. Adiantamos, abaixo, aos nossos associados, o texto que resume o posicionamento da Abralin. Entendemos que estamos assim retratando adequadamente o pensamento dos linguistas. Por questões práticas, esse texto ainda pode sofrer cortes.

Língua e Ignorância

Nas duas últimas semanas, o Brasil acompanhou uma discussão a respeito do livro didático Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático do MEC. Diante de posicionamentos virulentos externados na mídia, alguns até histéricos, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINGUÍSTICAABRALIN – vê a necessidade de vir a público manifestar-se a respeito, no sentido de endossar o posicionamento dos linguistas, pouco ouvidos até o momento.

Curiosamente é de se estranhar esse procedimento, uma vez que seria de se esperar que estes fossem os primeiros a serem consultados em virtude da sua expertise. Para além disso, ainda, foram muito mal interpretados e mal lidos.

O fato que, inicialmente, chama a atenção foi que os críticos não tiveram sequer o cuidado de analisar o livro em questão mais atentamente. As críticas se pautaram sempre nas cinco ou seis linhas largamente citadas. Vale notar que o livro acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) em relação à concepção de língua/linguagem, orientações que já estão em andamento há mais de uma década. Além disso, não somente este, mas outros livros didáticos englobam a discussão da variação linguística com o intuito de ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado. Portanto, em nenhum momento houve ou há a defesa de que a norma culta não deva ser ensinada. Ao contrário, entende-se que esse é o papel da escola, garantir o domínio da norma culta para o acesso efetivo aos bens culturais, ou seja, garantir o pleno exercício da cidadania. Esta é a única razão que justifica a existência de uma disciplina que ensine língua portuguesa a falantes nativos de português.

A linguística se constituiu como ciência há mais de um século. Como qualquer outra ciência, não trabalha com a dicotomia certo/errado. Independentemente da inegável repercussão política que isso possa ter, esse é o posicionamento científico. Esse trabalho investigativo permitiu aos linguistas elaborar outras constatações que constituem hoje material essencial para a descrição e explicação de qualquer língua humana.

Uma dessas constatações é o fato de que as línguas mudam no tempo, independentemente do nível de letramento de seus falantes, do avanço econômico e tecnológico de seu povo, do poder mais ou menos repressivo das Instituições. As línguas mudam. Isso não significa que ficam melhores ou piores. Elas simplesmente mudam. Formas linguísticas podem perder ou ganhar prestígio, podem desaparecer, novas formas podem ser criadas. Isso sempre foi assim. Podemos ressaltar que muitos dos usos hoje tão cultuados pelos puristas originaram-se do modo de falar de uma forma alegadamente inferior do Latim: exemplificando, as formas “noscum” e “voscum”, estigmatizadas por volta do século III, por fazerem parte do chamado “latim vulgar”, originaram respectivamente as formas “conosco” e “convosco”.

Outra constatação que merece destaque é o fato de que as línguas variam num mesmo tempo, ou seja, qualquer língua (qualquer uma!) apresenta variedades que são deflagradas por fatores já bastante estudados, como as diferenças geográficas, sociais, etárias, dentre muitas outras. Por manter um posicionamento científico, a linguística não faz juízos de valor acerca dessas variedades, simplesmente as descreve. No entanto, os linguistas, pela sua experiência como cidadãos, sabem e divulgam isso amplamente, já desde o final da década de sessenta do século passado, que essas variedades podem ter maior ou menor prestígio. O prestígio das formas linguísticas está sempre relacionado ao prestígio que têm seus falantes nos diferentes estratos sociais. Por esse motivo, sabe-se que o descon hecimento da norma de prestígio, ou norma culta, pode limitar a ascensão social. Essa constatação fundamenta o posicionamento da linguística sobre o ensino da língua materna.

Independentemente da questão didático-pedagógica, a linguística demonstra que não há nenhum caos linguístico (há sempre regras reguladoras desses usos), que nenhuma língua já foi ou pode ser “corrompida” ou “assassinada”, que nenhuma língua fica ameaçada quando faz empréstimos, etc. Independentemente da variedade que usa, qualquer falante fala segundo regras gramaticais estritas (a ampliação da noção de gramática também foi uma conquista científica). Os falantes do português brasileiro podem fazer o plural de “o livro” de duas maneiras: uma formal: os livros; outra informal: os livro. Mas certamente nunca se ouviu ninguém dizer “o livros”. Assim também, de modo bastante generali zado, não se pronuncia mais o “r” final de verbos no infinitivo, mas não se deixa de pronunciar (não de forma generalizada, pelo menos) o “r” final de substantivos. Qualquer falante, culto ou não, pode dizer (e diz) “vou comprá” para “comprar”, mas apenas algumas variedades diriam ‘dô’ para ‘dor’. Estas últimas são estigmatizadas socialmente, porque remetem a falantes de baixa extração social ou de pouca escolaridade. No entanto, a variação da supressão do final do infinitivo é bastante corriqueira e não marcada socialmente. Demonstra-se, assim, que falamos obedecendo a regras. A escola precisa estar atenta a esse fato, porque precisa ensinar que, apesar de falarmos “vou comprá” precisamos escrever “vou comprar”. E a linguística ao descrever esses fenômenos ajuda a entender melhor o funcionamento das línguas o que deve repercutir no processo de ensino.

Por outro lado, entendemos que o ensino de língua materna não tem sido bem sucedido, mas isso não se deve às questões apontadas. Esse é um tópico que demandaria uma outra discussão muito mais profunda, que não cabe aqui.

Por fim, é importante esclarecer que o uso de formas linguísticas de menor prestígio não é indício de ignorância ou de qualquer outro atributo que queiramos impingir aos que falam desse ou daquele modo. A ignorância não está ligada às formas de falar ou ao nível de letramento. Aliás, pudemos comprovar isso por meio desse debate que se instaurou em relação ao ensino de língua e à variedade linguística.

Maria José Foltran

Presidente da Abralin

Secretaria Abralin/Gestão UFPR 2009-2011