quarta-feira, 30 de novembro de 2011

BILHETE ÚNICO MUNICIPAL: AMANHÃ É O PRAZO PARA IMPLANTAÇÃO!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

BILHETE ÚNICO MUNICIPAL: AMANHÃ É O PRAZO PARA IMPLANTAÇÃO! MAIS UMA MENTIRA DO GOVERNO JORGE?!?!

O vereador Renatinho (PSOL) lembrou, nesta terça-feira (29/11), que o governo prometeu instituir o Bilhete Único Municipal (BUM) no final deste mês. “Porém, pelo que parece, mais uma vez a administração de Niterói deixará de cumprir o que promete.” Pelo artigo 4º da Lei 2851/11: “compete ao Poder Executivo fixar a data de implantação do BUM, sendo que esta não poderá ultrapassar o dia 30 de novembro de 2011”. Renatinho assinalou que, nesta quarta-feira (30/11), termina o prazo previsto pela administração de Niterói para estabelecer o bilhete.

Em junho, a Câmara de Vereadores aprovou em primeira discussão a mensagem do prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) que criou o bilhete. No dia 30 de junho a matéria retornou ao plenário e foi aprovada em segunda votação. Nas duas oportunidades a mensagem recebeu o voto favorável de 12 vereadores e o voto contrário de três legisladores: Renatinho (PSOL), Waldeck Carneiro (PT) e Leonardo Giordano (PT).

Na oportunidade, Renatinho (PSOL) apresentou cinco emendas e o vereador Waldeck (PT) complementou apresentando duas emendas. Ainda foi apresenta uma emenda em conjunto (do Renatinho e Waldeck) com o vereador Leonardo (PT). Os vereadores Luiz Carlos Gallo (PDT) e Carlos Macedo (PRB) apresentaram cada um duas emendas. “As minhas emendas e as dos vereadores Waldeck e Leonardo foram rejeitadas, a emenda do Vereador Gallo foi retirada pelo autor e as emendas do Vereador Macedo foram aprovadas”, lembrou Renatinho, presidente da Comissão de Direitos de Humanos da Câmara de Vereadores.

O vereador Renatinho (PSOL) voltou a afirmar que não foi contrário ao bilhete único. “Deixei bem claro no momento da votação que não sou contra a implantação do bilhete único, pelo contrário, acho que seria um importante avanço para a população de Niterói. No entanto, aquele formato que estava sendo criado não era o formato que a cidade precisava e merece”, assinalou Renatinho (PSOL).

Para ele, “a duração de apenas uma hora do bilhete para que o cidadão faça o transbordo de um ônibus para outro não funciona na cidade. Hoje, da Região Oceânica ao Centro, por exemplo, as pessoas têm levado cerca de duas horas dentro do mesmo ônibus. Da mesma forma que do Fonseca até Icaraí, muitas vezes em horário de maior movimento as pessoas levam mais de uma hora. Nós denunciamos na época que esse período de apenas uma hora de duração do bilhete não serviria para a cidade. Por isso apresentei a emenda aumentando para duas horas, mas a mesma foi rejeitada”, destacou Renatinho (PSOL).
Ingá: empresa que mais arrecada em Niterói - recebeu também desconto de 50% no ISS!
O vereador também questiona outras falhas do projeto. “É um descalabro a forma com que, na mesma lei do BUM, foi criado o Fundo Municipal de Transportes, e entregue unicamente a gestão deste Fundo ao Secretário Municipal de Transporte e Trânsito, comandada pelo senhor José Roberto Mocarzel, sem que fosse criado nenhum sistema de acompanhamento, fiscalização e transparência. O Mocarzel, por exemplo, é que vai sozinho concordar ou não com as empresas de ônibus sobre a quantidade de gratuidades oferecidas e fazer o repasse do dinheiro público para os empresários.”, explicou Renatinho (PSOL).

Além disso, o vereador do PSOL complementou: “para piorar, o bilhete único veio à votação ligado a um outro projeto (189/2011), a nosso ver inconstitucional, que diminuiu em 50% o valor do ISS pago pelas empresas de ônibus. E isso foi feito sem que nenhuma prestação de contas efetiva sobre a arrecadação de ISS fosse apresentada para a população e para os vereadores. Pelo contrário, a breve prestação de contas que veio para a Câmara depois de muita luta, trazia várias inconsistências e não justificava a redução do ISS para a implantação do bilhete único, demonstrando apenas que temos sim é que investigar uma visível sonegação de ISS das empresas”.

“Por isso votei contra a mensagem e me neguei a participar da votação inconstitucional da outra mensagem de redução de 50% do ISS para empresas de ônibus. Faço questão de lembrar ainda que denunciei aqui que esta seria apenas mais uma jogada de marketing do prefeito e que na verdade o bilhete único ainda estaria longe de sair do papel. Lembro também que quando eu disse isso, imediatamente o líder do governo (Carlos Macedo) negou e disse que eu não poderia prever o futuro”, assinalou Renatinho (PSOL).
Pendotiba: segunda empresa que mais lucra na cidade e presta péssimo serviço.
Teve também redução de 50% no ISS! Um absurdo!
“Ora, com um governo que prometeu asfaltar três ruas por mês na Região Oceânica, prometeu ampliar o dentista de família, prometeu construir casa popular e recuperar encostas e nada fez, o mesmo governo que criou e descriou a GEONIT e que sequer teve competência para organizar uma lista de aluguel social. Não preciso ser nenhum “adivinho” para prever que seria muito difícil este governo cumprir a promessa do bilhete único”, disse Renatinho (PSOL).

O vereador do PSOL Niterói, único partido de oposição da cidade até o momento, finalizou seu pronunciamento em Plenário lendo o artigo da lei que obriga a implantação da Lei: “Agora, passados quatro meses da aprovação do projeto, quero ler o artigo da lei que estabelece o prazo para a implantação do bilhete único: “art. 4° compete ao poder executivo fixar a data de implantação do bilhete único municipal, sendo que esta não poderá ultrapassar o dia 30 de novembro de 2011.”.

“Se amanhã (30/11) o bilhete único não estiver nas ruas, seja o bilhete que desejamos ou não, e com os trabalhadores já iniciando o seu uso na ida e na volta do trabalho, o governo Jorge terá mais uma vez enganado a população da cidade”, afirmou Renatinho (PSOL).

sábado, 26 de novembro de 2011

Discurso de Vera Paiva na cerimônia de criação da Comissão da Verdade

Discurso de Vera Paiva na cerimônia de criação da Comissão da Verdade

Vera Paiva

Segue abaixo o discurso que Vera Paiva faria na cerimônia que sancionou a criação da Comissão da Verdade no último dia 18. Vera é filha do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. O discurso acabou sendo cancelado, sob a alegação de que provocaria “constrangimento” aos militares presentes no ato.

Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011, 11:00. Palácio do Planalto, Brasília.

Excelentíssima Sra. Presidenta Dilma, querida ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário. Demais ministros presentes. Senhores representantes do Congresso Nacional, das Forças Armadas. Caríssimos ex-presos políticos e familiares de desaparecidos aqui presentes, tanto tempo nessa luta.

Agradecemos a honra, meu filho João Paiva Avelino e eu, filha e neto de Rubens Paiva, de estarmos aqui presenciando esse momento histórico e, dentre as centenas de famílias de mortos e desaparecidos, de milhares de adolescentes, mulheres e homens presos e torturados durante o regime militar, o privilégio de poder falar.

Ao enfrentar a verdade sobre esse período, ao impedir que violações contra direitos humanos de qualquer espécie permaneçam sob sigilo, estamos mais perto de enfrentar a herança que ainda assombra a vida cotidiana dos brasileiros. Não falo apenas do cotidiano das famílias marcadas pelo período de exceção. Incontáveis famílias ainda hoje, em 2011, sofrem em todo o Brasil com prisões arbitrárias, seqüestros, humilhação e a tortura. Sem advogado de defesa, sem fiança. Não é isso que está em todos os jornais e na televisão quase todo dia, denunciando, por exemplo, como se deturpa a retomada da cidadania nos morros do Rio de Janeiro? Inúmeros dados indicam que especialmente brasileiros mais pobres e mais pretos, ou interpretados como homossexuais, ainda são cotidianamente agredidos sem defesa nas ruas, ou são presos arbitrariamente, sem direito ao respeito, sem garantia de seus direitos mais básicos à não discriminação e a integridade física e moral que a Declaração dos Direitos Humanos consagrou na ONU depois dos horrores do nazismo em 1948.

Isso tudo continua acontecendo, Excelentíssima Presidenta. Continua acontecendo pela ação de pessoas que desrespeitam sua obrigação constitucional e perpetuam ações herdeiras do estado de exceção que vivemos de modo acirrado de 1964 a 1988.

O respeito aos direitos humanos, o respeito democrático à diferença de opiniões assim como a construção da paz se constrói todo dia e a cada geração! Todos, civis e militares, devemos compromissos com sua sustentação.

Nossa história familiar é uma entre tantas registradas em livros e exposições. Aqui em Brasília a exposição sobre o calvário de Frei Tito pode ser mais uma lição sobre o período que se deve investigar.

Em Março desse ano, na inauguração da exposição sobre meu pai no Congresso Nacional, ressaltei que há exatos 40 anos o tínhamos visto pela última vez. Rubens Paiva que foi um combativo líder estudantil na luta “Pelo Petróleo é Nosso”, depois engenheiro construtor de Brasília, depois deputado eleito pelo povo, cassado e exilado em 1964. Em 1971 era um bem sucedido engenheiro, democrata preocupado com o seu país e pai de 5 filhos. Foi preso em casa quando voltava da praia, feliz por ter jogado vôlei e poder almoçar com sua família em um feriado. Intimado, foi dirigindo seu carro, cujo recibo de entrega dias depois é a única prova de que foi preso. Minha mãe, dedicada mãe de família, foi presa no dia seguinte, com minha irmã de 15 anos. Ficaram dias no DOI-CODI, um dos cenário de horror naqueles tempos. Revi minha irmã com a alma partida e minha mãe esquálida. De quartel em quartel, gabinete em gabinete passou anos a fio tentando encontrá-lo, ou pelo menos ter noticias. Nenhuma noticia.

Apenas na inauguração da exposição em São Paulo, 40 anos depois, fizemos pela primeira vez um Memorial onde juntamos família e amigos para honrar sua memória. Descobrimos que a data em que cada um de nós decidiu que Rubens Paiva tinha morrido variava muito, meses e anos diferentes…Aceitar que ele tinha sido assassinado, era matá-lo mais uma vez.

Essa cicatriz fica menos dolorida hoje, diante de mais um passo para que nada disso se repita, para que o Brasil consolide sua democracia e um caminho para a paz.

Excelentíssima Presidenta: temos muitas coisas em comum, além das marcas na alma do período de exceção e de sermos mulheres, mãe, funcionária pública. Compartilhamos os direitos humanos como referência ética e para as políticas públicas para o Brasil. Também com 19 anos me envolvi com movimentos de jovens que queriam mudar o pais. Enquanto esperava essa cerimônia começar, preparando o que ia falar, lembrava de como essa mobilização começou. Na diretoria do recém fundado DCE-Livre da USP, Alexandre Vanucci Leme, um dos jovens colegas da USP sacrificados pela ditadura, ajudei a organizar a 1a mobilização nas ruas desde o AI-5, contra prisões arbitrárias de colegas presos e pela anistia aos presos políticos. Era maio de 1977 e até sermos parados pelas bombas do Coronel Erasmo Dias, andávamos pacificamente pelas ruas do centro distribuindo uma carta aberta a população cuja palavra de ordem era

HOJE, CONSENTE QUEM CALA.

Acho essa carta absolutamente adequada para expressar nosso desejo hoje, no ato que sanciona a Comissão da Verdade. Para esclarecer de fato o que aconteceu nos chamados anos de chumbo, quem calar consentirá, não é mesmo?

Se a Comissão da Verdade não tiver autonomia e soberania para investigar, e uma grande equipe que a auxilie em seu trabalho, estaremos consentindo. Consentindo, quero ressaltar, seremos cúmplices do sofrimento de milhares de famílias ainda afetadas por essa herança de horror que agora não está apoiada em leis de exceção, mas segue inquestionada nos fatos.

A nossa carta de 1977, publicada na primeira página do jornal o Estado de São Paulo no dia seguinte, expressava a indignação juvenil com a falta de democracia e justiça social, que seguem nos desafiando. O Brasil foi o último país a encerrar o período de escravidão, os recentes dados do IBGE confirmam que continuamos uma país rico, mas absurdamente desigual… Hoje somos o último país a, muito timidamente mas com esperança, começar a fazer o que outros países que viveram ditaduras no mesmo período fizeram. Somos cobrados pela ONU, pelos organismos internacionais e até pela Revista Economist, a avançar nesse processo. Todos concordam que re-estabelecer a verdade e preservar a memória não é revanchismo, que responsáveis pela barbárie sejam julgadas, com o direito a defesa que os presos políticos nunca tiveram, é fundamental para que os torturadores de hoje não se sintam impunes para impedir a paz e a justiça de todo dia. Chile e Argentina já o fizeram, a África do Sul deu um exemplo magnífico de como enfrentar a verdade e resgatar a memória. Para que anos de chumbo não se repitam, para que cada geração a valorize.

Termino insistindo que a DEMOCRACIA SE CONSTRÓI E RECONSTRÓI A CADA DIA. Deve ser valorizada e reconstruída a CADA GERAÇÃO.

E que hoje, quem cala, consente, mais uma vez.

Obrigada.

P.S: Depois de saber que fui impedida de falar, lembro de um texto de meu irmão Marcelo Paiva em sua coluna, dirigida aos militares:

“Vocês pertencem a uma nova geração de generais, almirantes, tenentes-brigadeiros. Eram jovens durante a ditadura (…) Por que não limpar a fama da corporação?
 Não se comparem a eles. Não devem nada a eles, que sujaram o nome das Forças Armadas. Vocês devem seguir uma tradição que nos honra, garantiu a República, o fim da ditadura de Getúlio, depois de combater os nazistas, e que hoje lidera a campanha no Haiti.”

* Vera Paiva é filha do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. É professora de psicologia na USP e coordenadora do Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (NEPAIDS) da universidade.

sábado, 19 de novembro de 2011

É um absurdo, que o Brasil com o seu programa Minha Casa Minha Vida,tenha uma denúncia desta no exterior. C. Sá.
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Brasil: remoções forçadas não devem manchar as Olimpíadas no Rio

Os organizadores das Olimpíadas devem exortar as autoridades brasileiras a pôr um fim às remoções forçadas de centenas de famílias no Rio de Janeiro em meio aos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016, disse hoje grupos de moradores atingidos, ativistas locais, a Anistia Internacional e a WITNESS em uma carta conjunta ao Comitê Olímpico Internacional (COI).
Segundo as organizações, famílias em dezenas de bairros de baixa renda na cidade já perderam – ou estão sob risco de perder – suas casas à medida que as autoridades constroem infraestrutura para o evento esportivo internacional.
“Forçar famílias para fora de suas casas sem aviso adequado, sem consulta prévia com os atingidos e sem oferecer moradias alternativas adequadas ou remédios judiciais fere os valores que as Olimpíadas representam e viola as leis brasileiras e os compromissos internacionais do Brasil com os direitos humanos”, disseram as organizações.
“Os organizadores das Olimpíadas deveriam usar sua influência para pôr um fim a esta prática imediatamente, antes que seja tarde demais. O COI não pode ser conivente com abusos de direitos humanos realizados em seu nome, e deve condenar pública e inequivocamente todos os despejos forçados no Rio de Janeiro."
Favelas e assentamentos informais em torno da cidade já vêm sendo atingidos ao decorrer dos últimos 12 meses e mais comunidades estão sob ameaça de remoções futuras previstas pelas autoridades.
Grandes obras de infraestrutura, tais como a construção de três vias expressas de transporte (a Transoeste, a TransCarioca e a TransOlímpica), obras em torno do estádio do Maracanã e a modernização da área portuária já resultaram em graves violações. À medida que essas obras continuam várias comunidades – incluindo Vila Autódromo e Arroio Pavuna – estão lutando contra um despejo iminente.
Embora as autoridades do Rio de Janeiro afirmem que não ocorreram remoções forçadas e que todas as famílias atingidas estão sendo adequadamente indenizadas antes de perder suas casas, pesquisas independentes realizadas por ONGs locais, pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro e por organizações internacionais incluindo a Anistia Internacional e a WITNESS provam o contrário.
Nos casos mais graves, as autoridades chegaram em uma comunidade sem aviso prévio e começaram a derrubar casas e comércios.
No dia 22 de outubro de 2010, retroescavadeiras chegaram à comunidade da Restinga e começaram a demolir moradias e pequenos comércios que operavam na área há mais de 20 anos.
Edilson, morador e comerciante da Restinga, descreveu a operação:
“Dez horas da manhã eles chegaram com a máquina todas, polícia, aqueles policiais com aquela arma à prova de choque. E já chegaram desocupando os imóveis. Quem não queria sair eles pegavam aquela retroescavadeira, que está aqui hoje, e derrubavam a porta do morador. Subiam os guardas municipais em cima, entrava para tua casa e tiravam você à força e derrubava”.
Desde então, muitas das famílias que moravam e trabalhavam na Restinga perderam seus empregos e fontes de renda, enquanto crianças da comunidade não conseguiram transferência para novas escolas e acabaram perdendo meses de escola.
Ex-moradores da comunidade não receberam indenizações adequadas ou moradias alternativas adequadas, o que viola as normas internacionais de direitos humanos.
Este padrão de abuso tem se repetido em outras comunidades ao longo do último ano, com as autoridades muitas vezes passando meses pressionando moradores para aceitar baixas ofertas de indenização em vez de respeitar as garantias processuais e legais que devem ser observadas antes de um despejo. A intimidação é vista como uma tática para induzir as famílias a se mudar para, na maioria dos casos, regiões remotas longe de seus empregos, escolas e comunidades.
A situação ficou tão grave no início deste ano que a Relatora Especial das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, interveio para exigir que o governo brasileiro “suspendesse as remoções planejadas até que um canal de diálogo e negociação pudesse ser assegurado com as comunidade atingidas”.
“Nós reconhecemos que as autoridades do Rio de Janeiro precisam entregar a infraestrutura adequada para garantir o sucesso e a segurança da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016”, disseram as organizações.
“Mas isso deve ser realizado com um espírito de consulta e colaboração com as comunidades atingidas para assegurar que seus direitos sejam protegidos no processo.”
Para obter uma cópia da carta, por favor veja: http://www.amnesty.org/sites/impact.amnesty.org/files/AI-WITNESS letter to IOC Nov 2011.pdf [Carta para o COI, texto em inglês.]
/FIM
Anistia Internacional
Comunicado à Imprensa – [comunicado conjunto com WITNESS]Índice AI:
14 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Preconceito ronda jornada turística da nova classe média

Preconceito ronda jornada turística da nova classe média

Atualizado em 9 de novembro, 2011 - 08:43 (Brasília) 10:43 GMT

O casal de aposentados Osmar e Maria Ferreira conseguiu realizar um sonho de longa data: pela primeira vez os dois viajaram em um avião a caminho de uma semana de descanso sob o sol de Porto Seguro, na Bahia.

As dez parcelas que eles ainda têm de pagar vão morder todo mês um bom pedaço da renda do pintor aposentado e dos lucros de Maria - que ainda trabalha em casa como manicure - mas eles têm a certeza que é dinheiro bem gasto.

Osmar e Maria Ferreira em Porto Seguro. BBC

Casal viajou de avião pela primeira vez, pagou a passagem em dez vezes e não tem medo de preconceito

"Comida não é a única coisa que precisamos para viver", diz Ferreira enquanto relaxa a beira-mar. "Isso é que é viver! Olha que beleza!"

À medida que a nova classe média chega a mais lugares e tem acesso a novos serviços, surgem, no entanto, tensões com a classe média tradicional brasileira, que parece sentir seu espaço sendo tomado.

Ao longo dos anos, a mistura de história e praias tropicais fez de Porto Seguro um dos principais destinos turísticos do Brasil.

Com a economia crescendo e o crédito em expansão, a "nova classe média" – ou classe C - tem pela primeira vez a oportunidade de desfrutar das maravilhas naturais do Brasil, que há não muito tempo eram privilégio de turistas estrangeiros ou brasileiros de maior renda.

Números do Instituto Data Popular - uma empresa de pesquisa de mercado especializada na classe C - mostram que entre 2002 e 2010 a participação desse grupo na indústria do turismo saltou de 18% para 34%. Eles já representam quase a metade (48%) das pessoas que viajam nas companhias aéreas do país.

Para Maria Ferreira, "é triste que exista esse preconceito".

"Espero que algum dia as pessoas comecem a compreender uns aos outros pelo que realmente somos. Eu conheço muitas pessoas ricas que não são felizes", diz.

'Resistência à igualdade'

Trancoso. BBC

Trancoso, mais sofisticada e cara que Porto Seguro, ainda é reduto das classes mais ricas.

Uma rápida travessia de balsa e a uma hora de carro ao sul de Porto Seguro fica a vila de Trancoso, bem mais exclusiva, graças à distância e aos preços mais altos. No entanto, mais gente está chegando e quem frequenta a região há mais tempo teme a invasão do turismo de massa.

"As pessoas que estão chegando agora a Trancoso têm que mostrar mais educação e mais respeito por este lugar. É um público muito diferente, que começou a vir aqui ao longo dos últimos anos", reclama a bombeira reformada Norma Sandes, que há mais de uma década frequenta a região.

O antropólogo brasileiro Roberto DaMatta, professor emérito da Universidade de Notre Dame (EUA), diz que o crescimento evidenciou a "resistência à igualdade" dos brasileiros.

"Nossa fixação por títulos e hierarquia é parte do nossa herança portuguesa. As pessoas aqui querem ser vistas como diferentes, como superiores aos outros, e não gostam de se misturar", diz ele.

Os turistas que vão para os grandes resorts em Porto Seguro costumam fazer apenas passeios de um dia em Trancoso - onde dormir e comer custa bem mais.

"Dá para ver que esse pessoal todo aqui hoje não é de classe A e B. Tem muita gente de classe C já vindo para cá," diz a jornalista Ana Campolino. “Dá para ver pelas roupas, pelos hábitos, pelo lugares que frequentam."

Desconforto

"Nossa fixação por títulos e hierarquia é parte do nossa herança portuguesa. As pessoas aqui querem ser vistas como diferentes, como superiores aos outros, e não gostam de se misturar"

Roberto DaMatta, antropólogo

Uma pesquisa realizada pelo Data Popular dá algumas noção do desconforto sentido pelas classes mais elevadas, que agora tem que compartilhar alguns espaços.

De acordo os números, 48,4% dos entrevistados disseram que "a qualidade dos serviços piorou, agora que eles são mais acessíveis" e 49,7% disseram que preferem lugares "com pessoas de mesmo nível social."

"Decidimos fazer essa pesquisa quando começamos a perceber as pessoas reclamando, por exemplo, sobre os aeroportos, que estão muito mais lotados agora. E nossas pesquisas têm mostrado que há uma resistência muito forte das classes superiores em aceitar os recém-chegados", diz o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

Meirelles diz que a tensão só será resolvida quando o Brasil estiver preparado para oferecer esses serviços com qualidade para todos os seus cidadãos. "Os aeroportos, por exemplo, estão lotados para todo mundo. Se houvesse bastante espaço para todos as tensões, começariam a desaparecer."

Preconceito

Porto Seguro. BBC

Classe C já forma grande parte dos turistas que visitam Porto Seguro, no sul da Bahia

Já os turistas de classe mais alta e empresários do setor negam a existência de qualquer "tensão" entre a velha e a nova classe média. Um porta-voz do Sindicato da Hotelaria de Porto Seguro e Região, Paulo Cesar Magalhães, diz que "há espaço para todos".

"Naturalmente os turistas vão para áreas que tenham a ver com seu perfil. Aqui no distrito-sede de Porto Seguro, onde há mais hotéis e restaurantes, há mais opções para as pessoas com um orçamento mais baixo. As praias mais distantes são as melhores opções para quem pode gastar mais dinheiro", diz ele.

Magalhães diz que, do ponto de vista das empresas, Porto Seguro não tem nada a reclamar sobre os novos clientes. "Para muitas pessoas este é um momento mágico, a primeira oportunidade de viajar pelo Brasil e toda esse deslumbramento acaba traduzido em gastos na nossa cidade", diz ele.

Se a economia do Brasil continuar a crescer a indústria do turismo deve seguir pelo mesmo caminho e com a nova classe média também viajando cada vez mais.

"Há preconceito, claro. Mas agora eu estou aqui e eles vão ter que me engolir", diz Osmar Ferreira no meio de uma gargalhada

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Motorista deu no pé

Calma, moço
Há testemunhas. O estresse venceu um motorista da linha 427 (Vila dos Teles-Praça XV), da Viação Regina, dias atrás.
Na Avenida Brasil, na altura do Caju, sentido Centro, acredite, o moço parou o ônibus, desceu e... foi embora a pé.

Bilhete único e a Fila



Trânsito parado na longa fila para o Bilhete Único

‘O DIA’ constatou que passageiros penam para emitir, carregar e cancelar cartão

POR MAHOMED SAIGG

Rio - Dificuldades para emitir o cartão, problemas para recarregar créditos, falhas no sistema de identificação do benefício. Esses são exemplos de obstáculos que restringem o funcionamento dos bilhetes únicos intermunicipal e carioca. A ‘Blitz do DIA’ acompanhou, por três dias, passageiros que tentavam utilizar os serviços do sistema e não conseguem acesso ao benefício.

Reféns da tecnologia, a maioria, no entanto, não tem como acessar a Internet. Confusos, os sites riobilheteunico.rj.gov.br (intermunicipal) e cartaoriocard.com.br (municipal e intermunicipal) prometem serviços que nem sempre conseguem ser finalizados.

Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Na loja RioCard da Central, espera de até duas horas às vezes é em vão | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

As barreiras do sistema fazem passageiros terem que recorrer pessoalmente aos postos de atendimento do RioCard — como o do subsolo da Central do Brasil. Resultado: filas intermináveis obrigam usuários a perder até duas horas a procura de solução para seu problema. Muitas vezes, a busca é em vão.

Jeitinho como solução

A diarista Nazaré Belo, 52 anos, moradora de São Gonçalo, não conseguiu tirar novo cartão em seu nome depois que o dela simplesmente parou de funcionar. Isso porque o seu CPF já consta no sistema. “Não teve jeito. Por telefone, mandaram cancelar meu cartão para pedir um novo na Internet, mas não conseguimos. Tive que fazer um no nome do meu marido para eu usar”, contou Nazaré, que trabalha na Zona Sul do Rio. Com o benefício, sua economia diária é de R$ 8 e, por mês, pode passar de R$ 160.

Criado em fevereiro de 2010, o Bilhete Único intermunicipal dá acesso, por R$ 4,40, a duas viagens, uma em transporte intermunicipal e outra em municipal com embarques no período de duas horas e meia. Já o cartão municipal dá, desde novembro de 2010, direito a duas viagens dentro da cidade do Rio por R$ 2,50, o preço de uma passagem de ônibus.

Usuário fica duas horas na fila e não consegue comprar crédito do bilhete único

Quem consegue emitir o bilhete passa sufoco para recarregá-lo. “Fiquei duas horas na fila para me dizerem no caixa que não podia colocar créditos. Só se ele tivesse menos de R$ 30 de saldo. É ridículo. Se o cartão é meu, coloco crédito quando eu quiser”, esbravejou José Carlos Barbosa, 60, que mora em Nova Iguaçu e trabalha em Copacabana.

Cansada de ‘brigar’ com a Internet e com atendentes do RioCard para conseguir tirar o Bilhete Único de sua faxineira, a auxiliar de enfermagem Jaqueline Gonçalves, 34, jogou a toalha. Há dois meses compra cartões expressos, que não oferecem os mesmos benefícios. “Tive tanta dor de cabeça com a dificuldade de fazer o Bilhete Único pela Internet e nos postos, sempre cheios, que desisti”, contou Jaqueline, que gasta R$ 112 por mês com as passagens da funcionária, R$ 24 a mais do que pagaria com o Bilhete Único.

Sete dias úteis de espera por bilhete

Depois que seu cartão parou de funcionar, o técnico em refrigeração André Luiz da Costa, 43 anos, que mora em Duque de Caxias e trabalha na Tijuca, terá que esperar sete dias úteis para pegar o novo bilhete.

“Até lá, vou ter que pagar R$ 5,60 para chegar à Central de ônibus e mais R$ 2,50 só para ir ao trabalho na Tijuca. Sem contar as passagens extras que terei que pagar nos ônibus municipais”, indigna-se André Luiz. Seu prejuízo diário mínimo é de R$ 7,40. Em uma semana, ele vai gastar R$ 51,80 só na ida e volta para casa, além das viagens dentro do Rio em que também não consegue usar o Bilhete Único carioca.

Fetranspor explica queixas

Procurada por O DIA, a RioCard, empresa responsável pela gestão dos Bilhetes Únicos intermunicipal e carioca, alegou que “as filas observadas na Central do Brasil ocorrem apenas em alguns dias no final e no início de mês, devido a (procura de) usuários preocupados em fazer a recarga de seus vales”.

Em relação aos prejuízos provocados aos passageiros que têm o cartão danificado e são obrigados a esperar até uma semana para obter um novo, a RioCard informou que “o fornecimento de cartão substituto temporário não é uma obrigação legal. Mas uma cortesia ao cliente”.

Ao ser questionada sobre o número total de usuários dos dois benefícios em todo o estado, a Fetranpor não soube informar.