segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Rodoviário

 O médico Dr. Cesar Braga é também um especialista em acupuntura que
 disponibilizava gratuitamente estes conhecimentos aos rodoviários, no Sindicato em prestava serviços em Niterói.
No final da década de 80, numa 2 ª feira, um rodoviário que tinha tomado todas no domingo, pediu um número para ser atendido pelo Dr. Cesar, alegando fortes dores nas costas que o “impedia de dirigir”.
Dr. Cesar o atende e solicita que o rodoviário deite na cama e tire a camisa azul do uniforme. O Rodoviário que só queria pegar rapidamente uma “Bombril” (atestado médico), desconfiado atendeu.
Dr. Cesar pergunta-lhe onde a localização exata das dores enquanto abria o estojo de agulhas da. acupuntura
O Rodoviário de olhos arregalados levanta-se da cama, enquanto fala para o Dr. Cesar : não precisa se incomodar Doutor, eu já estou me sentido bem melhor. Vestiu a camisa e se mandou apressado...

Parar de fumar

Minha decisão de parar de fumar , aconteceu no dia 19 de setembro de 2005, eu integrava uma delegação na abertura da 1ª Niterói Fenashore, com a presença do Presidente Lula e esqueci o meu cigarro no carro, a segurança da Presidência não permitia que quem saísse retornase. Diante da dificuldade, resolvi parar de fumar. Mas fiz uma besteira, que todos fazem, na volta ao carro, dei para o motorista os dois maços de cartoon e um isqueiro. 

A partir daí , minha primeira providência foi não comentar com ninguém, pois todas as noticias associadas a este desafio são negativas. - Parou de fumar, mas mesmo assim morreu de enfisema - parou de fumar, mas teve de amputar a perna. 

É inconsciente, as pessoas comentam os casos mais bizarros e se esquecem da pessoa que está travando esta batalha contra o vício, nem mesmo pergunta como você está passando.

Parei de fumar na 1ª tentativa. Não adotei substitutos como bala, chicletes ou adesivos.

Outra providência foi trocar de marcas de cigarro sistematicamente. Você se acostuma ao paladar da sua marca, seu cérebro já antevê o paladar no momento que você acende o cigarro. Ao trocar as marcas , você ocasiona uma frustração com o paladar não satisfeito.

Acendia um cigarro dava uma tragada caprichada e depois apagava. Todo fumante é possessivo quanto o cigarro que está nos seus dedos ou na sua boca. Se você acende, traga e descarta, é uma vitória, pois o fumante tem que dar o "último trago naquele cigarro". Ao jogar fora um cigarro inteiro, você que fraquejou conseguiu se recuperar e se recompor, mesmo que após uma tragada.

Colocava o cigarro e o isqueiro separados, pois o fumo pelo impulso é muito forte. Você erra num cálculo, ou vai retomar um texto, se você fuma, antes de voltar à tarefa, você acenderá um cigarro, mas se ambos estiverem em locais distintos, você terá uma chance de refletir e não ceder ao impulso de fumar.

Eu anotava a hora e o dia que comprava o maço. No maço posterior, anotava as horas que durou o maço anterior, o que me permitia fazer um “balanço” durante o dia se aquele maço duraria mais ou menos que o anterior e tentava superar a marca, mais tempo e menos cigarro.

Parei de tomar cafezinho. Café tem um paladar, cigarro tem outro paladar, mas um cigarro após um cafezinho tem um terceiro paladar, incomparável e na minha opinião imbatível. Para quem nunca fumou, é comparável ao paladar do queijo, da goiabada, mas a goiabada com queijo é um terceiro paladar.

Nas minhas crises, cheguei a botar na boca pequenos fragmentos de fumo que retirava de um cigarro. O gosto é amargo e nojento. É muito difícil que você coloque um cigarro na boca após provar um gosto amargo desses.

Cheguei a cheirar uns cinzeiros sujos com cinza, que também tem uma murrinha muito desgradável.

No mês de setembro , dia 19 serão sete anos sem fumar. Nem cigarro “natural” eu fumo.
Fumar é muito bom, mas parar de fumar é muito melhor.

Em 1994, eu estava convalescendo de uma cirurgia de varizes nas duas pernas. Devido a minha imobilidade, contratamos a D. Maria, senhora muito educada, pontual e caprichosa. Religiosa, era uma evangélica muito firme nas suas convicções. Não ligava para comida, mas adorava doce. Eu morava numa casa de vila em Niterói, e nesta época, mesmo sem ter crianças em casa, ganhava uns saquinhos de Cosme e Damião. Naquele ano sabendo das preferências d. Maria por doces, deixei com elas os saquinhos que ganhara, passou um dia, outro ela nem tocou, sequer abriu. Soube que devido a sua religião, não consumiria doces da Umbanda nem morta. Comemos os doces, e ficaram umas mariolas deliciosas. Já havia passado um mês e as mariolas lá. Um dia após o almoço, ofereci as mariolas perdidas há um mês na geladeira para D. Maria omitindo no entanto a sua procedência. Ela não só aceitou como pediu para comer as últimas, declarando que estavam deliciosas.
Aí falei para D. Maria que as mariolas eram de Cosme Damião. D. Maria passou mal, forçando o vômito, começou a bradar: O SANGUE DE JESUS TEM PODER, O SANGUE DE JESUS TEM PODER, O SANGUE DE JESUS TEM PODER.
Ela ficou zangada comigo por uns tempos, mas depois seu enorme coração me perdoou.
Por essas e outras eu acho que não vou pro céu...
 

31 de outubro  Dia do Saci
COISAS QUE O SACI NÃO PODE FAZER
Cruzar as pernas
Andar de patinete
Andar na corda bamba
Alongar a coxa
Chutar a bunda de outro
Fazer o passo moonwalk
Ficar de quatro
Fazer polichinelo
Engatinhar
Fazer um quatro
Colocar o pé pra alguém cair
  


O Data Celso está de volta. Uma disputa voto a voto entre Romney e Obama. Romney no entanto não percebeu que as votações estão consolidadas de lado a lado e sem definição para qualquer dos candidatos. Nesta situação, vai acontecer entre os indecisos o seguinte : o voto das minorias terá um peso maior. Assim as declarações de Romney, contra o casamento Gay, a bravata da revogação das recentes leis de Imigração, que atinge diretamente os "chicanos", a sua oposição aos Planos Universais de Saúde, e a sua política de retomada das intervenções no Oriente Médio, onde morrem os jovens americanos, jogam milhões de votos nas contas do Obama. Desta forma, uma batalha entre pobres e ricos, idosos, negros, gays, veteranos de guerra, contra os representantes do capital. Somem também os operários das indústrias automobilísticas e demais categorias profissionais de sindicatos fortes.. Desta forma o DataCelso, prevê uma vitória de Obama na próxima madrugada com relativa e confortável margem. Dizem que o Obama vai jogar basquete hoje, dia da eleição, não há forma mais simbólica para encestar o Romney.
Rodrigo reuniu uma equipe que é espetacular. Como é obstinado, tenho a opinião que Niterói terá uma administração de socorro rápido e eficiente aos graves problemas da cidade.

O Banheiro do Ministro

RESPONDA A SEGUINTE QUESTÃO :Usando apenas verbas públicas, quantos banheiros do Padrão STF/Barbosa você poderia reformar com os 78 milhões do chamado mensalão, sabendo- se que cada banheiro p/ residência do ministro/presidente custa 90 mil reais.
811 ? Errou, pois ao contrário dos 90 mi reais l das verbas do STF, os 78 milhões de reais são uma verba privada da multinacional VisaNet, hoje Cielo. Resposta correta . apenas um, o do Ministro/ Presidente com 90 mil reais das verbas públicas.

O Turco

O Turco vai se confessar: 

— Padre, há mais de 60 anos eu abriguei um refugiado de guerra. Qual é o meu pecado? 

— Meu filho, nisso não há pecado, você fez uma caridade! 

— Mas, padre, eu cobrei aluguel dele. 

— Tem razão, meu filho, isso é pecado! Reze 3 Ave-Marias e um Padre- nosso... 

— Só mais uma pergunta, padre! Devo falar pra ele que a guerra acabou?

Seu Ítalo o "Ecumênico "

O apoio do Cabral a Dilma me lembrou o esperto líder da Associação de Moradores do Morro da Boa Vista em Niterói. Era o ano de 1982, cinco partidos disputavam um acirrado pleito. Lembro-me dos números e dos candidatos a Governador: 1 - PDS - Moreira Franco; 2 - PDT - Brizola ; 3 - PT - Lisâneas-; 4 - PTB - Sandra Cavalcanti ; 5 - PMDB - Miro Teixeira.
Campanha na rua, os candidatos a Prefeito eram as âncoras de cada partido nas cidades. O candidato do PT era o nosso saudoso companheiro Engenheiro Eduardo Travassos do Carmo, conhecido também no movimento estudantil como “Cavalo Doido”. Os partidos organizavam caminhadas, comícios e claro, subida aos morros.
Aí entra o seu Ítalo da Boa Vista. Com um enorme controle sobre a comunidade, seu Ítalo recebia todas as caravanas pessoalmente, inclusive na sua residência com um cafezinho e água.
Naquele momento da visita, você tinha a impressão nítida, que se dependesse do Morro da Boa vista, a campanha era vitoriosa. Por conta da Ditadura, o voto era vinculado, ou seja, o voto no Vereador teria que ser o mesmo partido do Prefeito, dos Dep. estadual e federal, dos Senadores e do Governador.
Era que no morro da Boa vista você só via faixas e cartazes do seu partido. Mas bastava você descer e subir outra comitiva, que o morro virava casaca. Tudo isso muito bem operado pelo Seu Ítalo com toda a precisão.
31 anos depois, os tempos são outros, mas acho que o Cabral tomou umas “lições” com seu Ítalo, quando diz o seu apoio para Presidente em 2014.

Ninguém bloqueia o pensamento !

Impossibilitado de manter relações comerciais normais com os países, devido ao embargo econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos Estados Unidos desde 7 de Fevereiro de 1962. 
Cuba reagiu ao isolamento que dura 53 anos, ao exportar algo que nenhum país colonizador conseguiu ao longo da história, aprisionar, sequestrar, destruir, o conhecimento humano.
Desta forma na saúde o contingente de profissionais de saúde cubanos trabalhando fora da ilha atualmente alcança mais de 20 mil especialistas, que trabalham em 60 países e geram lucros milionários ao regime - as cifras mais otimistas falam em até US$ 5 bilhões (R$ 10,6 bilhões) por ano.
Além disso, as terapias naturais e tradicionais, como a fito terapia, acupuntura, hipnose e muitos outras, não lucrativas nas práticas para fabricantes dos grandes laboratórios de medicamentos, são integradas há anos ao sistema de saúde público e gratuito da Ilha.
Recentemente, o Prêmio Nobel de Química Peter Agre, declarou que “Cuba é um grande exemplo de como integrar o conhecimento científico e de investigação”.

Sejam bem-vindos cubanos.


sábado, 24 de agosto de 2013

Os Caluniadores.



Como ficam agora estes caluniadores? Gente sem escrúpulo, gente menor. Que só sabem desconstruir, desqualificar. Fazem política com o fígado e os intestinos. Claro que Lula tem defeitos, que errou que fez apostas erradas, como por exemplo o seu apoio a Cabral / Paes no Rio é uma delas.

Mas estamos vendo uma horda de falsários intelectuais que dá vontade de vomitar.

Lula certamente, nestes tempos de espionagem globalizada, é  ele junto com a sua   família, o homem mais vigiado do mundo.

Inconformados com seu sucesso arrumam jatos, fazendas, viagens,  filhos abastados.

Enquanto isso, um dos funcionários públicos mais notórios do país, funda uma empresa "laranja" em Miami, para sonegar impostos na compra de um apartamento. E esta corja , de vestais de merda fica calada.

Tô de saco cheio desta gentalha, deste esgoto, desta latrina.

Se virar o regime em uma nova ditadura, serão eles que vão caluniar você, denunciando- o , como 'perigoso" inimigo,  ao troglodita , torturador de plantão.

Nada de "coxinhas",  são desonestos mesmo , roubam a verdade com plena consciência dos seus atos, esperando em vão, que os fins justifiquem os meios.

Não fazem da Ética o valor maior. Quem calunia o outro, vai caluniar você.

Chega de mau -caráter. Chega de  improbidade  mental. Chega de perder tempo com quem  é uma verdadeira aberração, uma vergonha para a raça humana.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

 

Estou de saco cheio com esta história de médico cubano. Uma hora os cubanos não tem capacidade e condições para exercer a medicina no Brasil, embora atuem em 60 países e suas escolas formem milhares de médicos procedentes de vários países inclusive o Brasil.

Sobre o estágio de dois anos dos médicos novos, já apareceu especialista para desqualificar e dizer que não adianta ter médico sem a infraestrutura adequada.
Aí fiquei pensando, se dependesse destes caras, Chade , Mali , Burkina Fasso, Etiópia , Níger ,Guiné , Serra Leoa , Moçambique ,Benin ,Guiné-Bissau , Central Africano, República Senegal , Timor-Leste, Zâmbia ,Gâmbia, Bangladesh , Papua, Nova Guiné , Zimbábue , Angola ,Costa do Marfim , Mauritânia, Cazaquistão, Groelândia, Malásia, Haiti, Gana, Síria não teria um único médico, devido a pobreza extrema, terremotos, HIV / AIDS, fome, ditaduras, guerras, seca, enchente, fome e tudo mais.

Compare aí no seu livrinho do plano de saúde, quantos médicos atuam na Z. Sul / Centro e quantos na periferia das cidades?

Em Roraima 10% dos médicos são estrangeiros, em sua maioria cubanos, mas tem colombianos, bolivianos, etc. O pessoal do jaleco branco vai permitir esta “invasão” do mercado de trabalho brasileiro? É ruim sair da Z.Sul para ir para Rondônia.

Os professores em sua maioria começam dando aula na periferia das cidades. Qual o problema com os médicos?

Não aguento mais tanta hipocrisia. 
Nunca viu médico negro ? Existe , veja a foto.
A discussão sobre a importação dos médicos cubanos chega as raias do absurdo. Caiado e sua gangue afirmam que os médicos cubanos virão ao Brasil desenvolver trabalho escravo, pois Fidel ficaria com a metade dos ganhos dos seus salários.

 pouco mais de uma semana, esta quadrilha , queria aprovar a PEC 4330, terceirando tudo e todos no Brasil.
Mais hipócrita impossível, lembremo-nos de :François , duque de la Rochefoucauld , escritor fancês do século XVII, que revelou a essência do comportamento hipócrita: "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude".

O dinheiro que retorna à Cuba, ajuda a formar novos médicos...


LEIAM , EMBORA LONGO, O ARTIGO DO JORNALISTA PAULO MOREIRA LEITE
Paulo Moreira Leite.
Voto e consciência no STF

Confesso que saí atordoado do STF, ontem. Não foi a vitória de Joaquim Barbosa que causou surpresa. 

Ouvi um ministro, Luiz Roberto Barroso, dizer que concordava com o revisor Ricardo Lewandovski mas que iria votar com Joaquim Barbosa porque estava acabando de chegar ao STF. Não se sentia no direito de questionar a primeira fase do julgamento, quando ainda não fazia parte do tribunal. 

Se estivesse no STF desde o início, explicou Barroso, "muito provavelmente me inclinaria pela tese dele [Lewandowski]. Mudaria a situação não só desse réu, mas de muitos outros". O ministro afirmou ainda: 
"Fiz escolha difícil ao começar a participar deste julgamento. Foi a de que eu serviria melhor à Justiça e ao país se eu chegasse para não revirar um julgamento que consumira mais de 50 sessões deste plenário. Se o tribunal se dispusesse a reabrir o debate, participaria". 
Barroso é um ministro de cultura jurídica reconhecida. Demonstrou que é capaz de convicções firmes, a ponto de ter sido um dos advogados do direito de permanência de Cesare Battisti no país, num caso que abriu uma polêmica de alta temperatura, com repercussão internacional, inclusive. 
Até por esse motivo, sua intervenção no julgamento causou espanto. Como é que um ministro do STF pode achar que fez uma “escolha difícil?” 
Escolheu entre o que e o que?
Quando foi sabatinado no Senado, responsável por sua indicação, Barroso disse que considerava o julgamento do mensalão “um ponto fora da curva do STF.” 
Queria dizer que as penas haviam sido muito duras e que o tribunal não havia atuado de acordo com a tradição, de Corte que não abre mão dos direitos e garantias do indivíduo frente ao Estado. 
Na primeira oportunidade, num julgamento que irá ter influencia sobre as instâncias inferiores do judiciário e terá consequencias porém, Barroso alega que não iria “revirar um julgamento que consumira mais de 50 sessões deste plenário.” 
O voto decepcionou advogados e mestres do Direito que, confiando nos pontos de vista que Barroso defendeu publicamente ao longo de sua vida de jurista muito respeitado, imaginavam que um ministro com sua liderança e sua independência, seria capaz de enfrentar um debate sabidamente difícil. As vozes minoritárias do STF são chamadas de “mensaleiras”, hostilizadas nas ruas e alvo de permanente vigilância por parte dos meios de comunicação. 
Se o ministro tivesse votado com Lewandovski, como admitiu que seria sua provável inclinação, a minoria teria obtido 4 votos, e não 3, o que daria um novo quadro ao julgamento. Mesmo vencidos, os réus teriam oportunidade de entrar com novos recursos. O STF teria enviado um sinal político diferente em relação a 2012. "Seria possível até oferecer um novo recurso,"afirma um advogado que assistiu a discussão. 
Data vênia, eu acho preocupante. Barroso não disse que discordava dos ministros que queriam mudar a situação de determinados réus, opinião que seria válida como qualquer outra.
Barroso sugeriu que não se sentia à vontade para um gesto dessa natureza, como se a condição de novato fosse um entrave a plenitude de sua atuação. Admitiu, em resumo, que não votaria conforme sua consciência de jurista. 
Talvez eu esteja fazendo o papel de idealista, inspirado pelo frescor absoluto de um grupo de adolescentes de São Paulo que visitou o STF na tarde ontem, com sua curiosidade, nenhum medo de fazer perguntas e a vontade pura de viver num mundo que separa o certo do errado . 
Mas eu acho – talvez em minha ingenuidade -- que um ministro tem o dever de votar de acordo com seu pensamento, por mais exótico que pareça, por mais incômodo que possa causar aos colegas. 

Se Joaquim Barbosa fez o que fez na semana passada e nem sentiu-se obrigado a pediu desculpas a Ricardo Lewandovski na retomada dos trabalhos, limitando-se a afirmar que possui uma visão “bastante peculiar da presidência do STF,” eu acho bom recordar que estamos numa realidade dura e áspera, onde é urgente saber onde se pisa e aonde se quer chegar. Ninguém está no STF a passeio. 
Advogados presentes no tribunal me explicaram que a posição de Barroso tem mais pontos de sustentação do que um ignorante como eu poderia perceber. 
É muito possível e muito provável. Mas foi o ministro que disse o contrário do que fez. 

Para falar com clareza: ninguém planejava, ontem, refilmar O Homem que Matou o Facínora na Praça dos Três Poderes. 
Não precisamos de heróis. Precisamos de juízes. 
E já que estamos no STF, precisamos de juízes soberanos. 
Estranhei quando o decano Celso de Mello disse, para justificar um voto que acompanhava Joaquim Barbosa, que o STF era obrigado a deliberar exclusivamente sobre aquilo que fora denunciado pelo ministério público e que, por essa razão, não se poderia aceitar alegações e provas que haviam sido descartadas pelo promotor geral Roberto Gurgel. 
Achei estranho porque, meses atrás, extrapolando abertamente os próprios poderes, o Supremo popularizou a visão errada de que “a Constituição é aquilo que o STF diz que ela é.” 
Chegou a ponto de votar contra o artigo 55 da carta de 1988, que estipula claramente que só o Congresso tem poderes para definir a perda de mandato de senadores e deputados. 
É evidente que não é obrigado a submeter-se ao procurador geral da República, certo? 
Num tribunal que aprovou o regime de cotas, definiu reservas indígenas e tomou tantas decisões favoráveis aos chamados direitos de minorias, essa alegação é estranha demais, formal demais. 
Mas é engraçado registrar que, quando se queria cassar mandatos, valia atropelar um artigo da Constituição. 
Quando não se quer rever uma condenação, alega-se que Roberto Gurgel tem a última palavra sobre os trabalhos em curso. 
Este aspecto tem particular importância aqui. Submetidos a um julgamento em fase única, sem direito a um segundo exame de suas penas, os condenados do mensalão foram colocados, contra toda jurisprudência – inclusive do mensalão mineiro, do mensalão do DEM de Brasília – num foro privilegiado que se mostrou uma armadilha a seus direitos. 
Por decisão da acusação, alguns réus foram investigados em segredo e serão julgados em separado, pela justiça comum -- se é que isso vai acontecer, um dia. Documentos que poderiam auxiliar a defesa não foram oferecidos a seus advogados, durante o processo. Divulgado neste espaço em maio de 2012, o inquérito do delegado Luiz Flavio Zampronha, da Polícia Federal deixa claro que não se encontrou o menor indício daquele esquema que Roberto Jefferson definiu como mensalão. Ele também concluiu que os empréstimos do Banco Rural, apontados como fraude, envolviam negociações efetivas entre o PT e a instituição.
Diretores do Banco do Brasil com responsabilidade até maior do que Henrique Pizzolatto na definição de recursos que, segundo a acusação, estão na origem do mensalão, se encontram nessa situação, realmente privilegiada. Empresários que foram ouvidos no processo e que admitiram ter participação com $$$ grosso no esquema de Delúbio Soares e Marcos Valério, em contratos superiores a tudo o que se disse que saiu do Banco do Brasil, não sentaram-se no banco dos réus. 
O julgamento ocorre num ambiente político, alimentado por sucessivas demonstrações de força e é assim que cada palavra, cada “mas,” cada “talvez,” cada “possível,” se explica. 
O quadro foi bem desenhado pelos repórteres Felipe Recondo e Debora Bergamasco, dias antes da retomada do julgamento. Falando da condenação aprovada em clima de redenção nacional no final de 2012 e da reflexão estimulada a partir dos embargos e recursos, os dois escreveram no Estado de S. Paulo:
“há ministros que se mostram ‘arrependidos de seus votos’ por admitirem que algumas falhas apontadas pelos advogados de defesa fazem sentido. O problema (...) é que esses mesmos ministros não veem nenhuma brecha para um recuo neste momento. O dilema entre os que acham que foram duros demais nas sentenças é encontrar um meio termo entre rever parte do voto sem correr o risco de sofrer desgaste com a opinião pública.”

Este é o ponto. 

E aqui chegamos ao debate de ontem. Estava em pauta o destino do Bispo Rodrigues, ex-deputado pelo PL. Ele foi condenado porque solicitou benefício em dinheiro para fazer parte da base do PT. Também se considerou que, em troca de dinheiro, votou com o governo em duas reformas importantes de 2003 e assim por diante. Ao fazer a denúncia que colocou o bispo no banco dos réus, o procurador-geral disse que era possível provar que ele havia negociado apoio, organizado a votação da bancada e até recebido uma primeira parcela da remuneração, R$ 250 000. Também se podia provar que ele havia recebido uma segunda parcela, de R$ 150 000, paga em 2003. Em suas alegações finais contra Rodrigues, o ministério publico mudou a acusação. Alegou que não possuía a maioria das provas anunciadas anteriormente. Disse que só poderia provar o recebimento da última parcela, de R$ 150 000. Não é um detalhe. Condenado pelas provas anteriores, Rodrigues seria enquadrado na lei anterior de corrupção, que prevê penas inferiores a lei atual. Se fosse condenado exclusivamente pelos R$ 150 000, estaria condenado pela nova lei, que dobrou a pena mínima e elevou também outras condenações. 
Alinhado com Gurgel, Joaquim Barbosa defendeu a pena mais dura, concordando com as alegações do procurador-geral. Lewandovski, que na fase inicial havia votado com a acusação, mudou de opinião e explicou por que. Afirmou que os autos mostravam o que nem todos haviam percebido: o ministério publico manipulou provas, escondendo aquelas que não convinham, mostrando aquelas que interessavam. Lewandovski também lembrou que a situação poderia ser comparada a do cidadão que suborna um guarda de trânsito ao ser apanhado pela Lei Seca. Mesmo que tenha dividido o pagamento da propina em duas prestações, estamos falando de um crime só. 
Numa intervenção bem meditada, Marco Aurélio Melo lembrou que a acusação contra o bispo Rodrigues formava um conjunto, que incluía desde o acordo de campanha do PL – partido do vice presidente José Alencar – passando por duas votações no Congresso e o pagamento em dinheiro. Para sublinhar o absurdo de ignorar as outras provas e condenar o ex-deputado pelo pagamento da última prestação, Marco Aurélio fez a pergunta que não quer calar: “se não tivesse havido o último pagamento, não teria havido corrupção?”

Ninguém estava discutindo a absolvição do ex-deputado Rodrigues. Não se pretendia dizer que não era culpado. O que seria era uma pena justa, de acordo com os autos e as leis em vigor na época em que os fatos ocorreram. 

(A retomada dos trabalhos foi acompanhada pelas conversas de que o julgamento está se prolongando demais. Eu acho que tempo é um critério da política, que tem seus calendários eleitorais, e também da TV, onde novelas duram entre três ou quatro meses, conforme o Ibope. Considerando que 37 réus estavam sob julgamento, e que muitos deles foram condenados a penas duríssimas, que não se aplicam no Brasil nem em casos de tortura, sequestro seguido de morte, parricídio ou infanticídio, temos menos de 2 sessões por cabeça. É até pouco do ponto de vista da preservação dos direitos individuais, vamos combinar).