quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Guanabara de Niterói: prefeitura briga, mercado fecha e cliente paga conta

19/10/2011 às 23:30 EXTRA

Guanabara de Niterói: prefeitura briga, mercado fecha e cliente paga conta

O Guanabara de Niterói ficou fechado por causa de uma ordem da prefeitura Foto: Thiago Lontra
Andréa Machado e Fabiana Paiva
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O aniversário dos Supermercados Guanabara, no ano passado, fez a alegria de clientes que aproveitaram os descontos, mas os congestionamentos no trânsito por conta das promoções desagradaram à Prefeitura de Niterói. Em 2010, logo após o início da campanha de preços baixos, o prefeito Jorge Roberto Silveira alterou o Código de Posturas da cidade, o que, ontem, fez com que a loja de Niterói ficasse fechada por boa parte da manhã.

A abertura da loja da Avenida Marquês de Paraná foi embargada pela Secretaria municipal de Segurança e Controle Urbano na terça-feira. Segundo o secretário Wolney Trindade, as promoções provocaram um caos no trânsito. Na manhã de ontem, a rede conseguiu uma liminar que permitiu o funcionamento.

O EXTRA teve acesso a documentos apresentados pelo Guanabara à prefeitura, que informavam sobre o evento e o aumento no movimento diário para 12 mil pessoas — normalmente, recebe oito mil clientes —, cumprindo a legislação alterada em virtude do aniversário de 2010. A rede ainda pagou R$ 20 mil à Empresa Pública de Trânsito (NitTrans) para custear horas extras de agentes de controle de tráfego.

‘Ilegal e arbitrário’

Para a juíza Angélica dos Santos Costa, que concedeu a liminar ao Guanabara, o supermercado seguiu as normas para a realização do evento. Para ela, o embargo foi "ilegal e arbitrário". Na decisão, a magistrada alegou que não seria "lícito ao município transferir a deficiência, a inoperância e a incapacidade suas de gerir o trânsito local ao evento produzido pelas empresas privadas".

Segundo a prefeitura, a rede deixou de cumprir o Decreto 10.816/2010, que exige a apresentação de um parecer técnico sugerindo soluções para minimizar os impactos no trânsito. Por isso, recorrerá da liminar.

O Guanabara afirmou que, ao obter o "nada a opor" da prefeitura, concluiu que os documentos apresentados bastariam. A rede, porém, alega ter contratado uma empresa para elaborar o parecer, que deverá ser entregue hoje. Ontem, foi acordado que o estacionamento da loja ficará fechado até o término do estudo.

Só de madrugada

A alternativa para que o trânsito em Niterói não seja prejudicado pela campanha de aniversário do Guanabara seria que os preços mais baixos fossem oferecidos somente a partir das 20h. A ideia é do secretário municipal de Segurança e Controle Urbano, Wolney Trindade.

— A promoção da rede inviabilizou o trânsito na cidade. Trouxe problemas para os hospitais Antônio Pedro e Azevedo Lima e para a UPA do Fonseca, que não conseguiram sair com suas ambulâncias. Propus ao supermercado que faça essas promoções especiais das 20h às 6h, para não haver problemas no trânsito — explicou Trindade.

Normalmente complicado por conta das obras para a construção de um mergulhão, o tráfego no Centro de Niterói ficou mais confuso na manhã de ontem, quando clientes fecharam um trecho da Avenida Marquês de Paraná, usando carrinhos do supermercado.

— Se o prefeito (Jorge Roberto Silveira) tem dinheiro e pode sustentar a família dele fazendo compras em supermercado caro, ótimo. Mas nós, que ganhamos um salário mínimo, não temos muitas opções — reclamou a dona de casa Ariana Conceição, de 25 anos.

Grávida de oito meses, Roseana Ferreirinha, de 30, aguardou a abertura da loja por quase quatro horas:

— Tem gente que precisa da promoção. É ridículo proibir a população de comprar barato por causa do trânsito.

Medida exagerada

O engenheiro de Transportes Fernando Mac Dowell considerou um exagero a Prefeitura de Niterói embargar a abertura do supermercado.

— É a mesma coisa que fechar o Sambódromo ou impedir a realização do Rock in Rio. A culpa não é do supermercado, mas da falta de preparo do poder público. Isso é questão de engenharia. A prefeitura é responsável por enviar guardas para organizar a fluidez do trânsito — opinou o professor e doutor em Engenharia de Transportes da UFRJ.

O professor da Engenharia da Uerj José Guerra afirmou que a presença de guardas impedindo a formação de fila dupla poderia ter minimizado o problema, mas não eliminaria os congestionamentos.

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