quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Espião de Yeda violou dados de quem denunciou a governadora

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Espião de Yeda violou dados de quem denunciou a governadora

22/09/2010

AYRTON CENTENO

O governo do Rio Grande do Sul, através da sua Casa Militar, espionou dados do procurador da República Adriano Raldi, que denunciou a governadora Yeda Crusius (PSDB) por improbidade administrativa devido ao rombo de R$ 44 milhões no Detran. Em 2009, com mais cinco procuradores, Raldi também denunciou o então marido de Yeda, Carlos Crusius, os deputados estaduais Luiz Fernando Záchia (ex-chefe da Casa Civil de Yeda) e Frederico Antunes (ex-presidente da Assembléia Legislativa), o deputado federal José Otávio Germano (ex-diretor do Detran), o presidente do Tribunal de Contas, José Luiz Vargas, a assessora direta da governadora, Valna Vilarins Menezes, e o diretor do Banrisul e tesoureiro da campanha de Yeda, Rubens Bordini.

O procurador Raldi também atuou na Operação Solidária que investigou o deputado federal Eliseu Padilha e os estaduais Marco Alba e Alceu Moreira, todos do PMDB e aliados da governadora. Raldi é um dos 35 nomes da lista elaborada pelo promotor Amílcar Macedo, responsável pela investigação da arapongagem realizada através do Sistema de Consultas Integradas, operado pela Casa Militar do Palácio Piratini.

Vinte e nove novos nomes de espionados foram liberados ontem (terça) pelo promotor.

SIROTSKY E A RBS

Além do procurador federal, foram violados os sigilos da procuradora geral de Justiça, Simone Mariano da Rocha; do deputado estadual tucano Nélson Marchezan Jr.; do deputado estadual Berfran Rosado (PPS), atual vice na chapa de Yeda que concorre à reeleição; da ex-diretora do Detran, Stela Maris Simon, e dos delegados de polícia Edilson Paim e Guilherme Pacífico.

Na lista estão também o empresário Jayme Sirotsky, presidente do Conselho de Administração do grupo RBS e integrante do comitê executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa. E outras duas pessoas da família – Marcelo Sirotsky e Maria Olivia Girardello Sirotsky. Quatro funcionários do mesmo grupo igualmente figuram entre os espionados. O rol inclui o ex-deputado federal do PMDB, Jorge Uequed, e sua filha Gisele, candidata a deputada estadual pelo PV.

Chama também a atenção o acesso aos dados do ex-chefe da representação do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcanti, e de sua mulher Magda Koegnikan. Em fevereiro de 2009, o corpo de Cavalcanti apareceu boiando no lago Paranoá, na capital federal. Ele sabia bastante sobre o lado mais sombrio da administração tucana. Em conversas gravadas pelo lobista Lair Ferst, ex-coordenador da campanha estadual do PSDB em 2006, o chefe do escritório relata ter entregue à governadora uma carta detalhando a fraude no Detran – advertência que Yeda teria ignorado. A morte de Cavalcanti ocorreu poucos dias antes dele prestar depoimento ao Ministério Público Federal.

ESPIONAGEM ELEITORAL

Na primeira lista, com 34 pessoas, aparecem entre as vítimas o ex-ministro Tarso Genro, hoje candidato do PT ao governo gaúcho, a deputada Stela Farias (PT), presidente da CPI da Corrupção, o senador Sérgio Zambiasi, o deputado federal Luis Carlos Busato e o estadual Luis Augusto Lara, os três do PTB, mais advogados, policiais e jornalistas.

O promotor Macedo também conseguiu comprovar o emprego do Sistema de Consultas Integradas para espionagem política. Por e-mail encaminhado ao sargento César Rodrigues de Carvalho, da área de inteligência da Casa Militar, seu superior, o tenente-coronel Frederico Bretschneider Filho, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, pede uma averiguação ilegal em 2008. Quer dados sigilosos do ex-deputado estadual Luis Fernando Schmidt, que concorria à Prefeitura de Lageado pelo PT. O uso ilícito do sistema pelo núcleo de poder do Palácio Piratini já havia sido denunciado em 2009 pelo advogado Adão Paiani, na época ouvidor da segurança pública, que acabou sendo exonerado.

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