domingo, 17 de outubro de 2010

Genro de FHC vira o novo homem do petróleo no país

Veja – 14/01/1998

Energia



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Pio mais claro

Genro de FHC vira o novo homem do petróleo no país

Apareceu um novo personagem na cena nacional, um jovem tucano de pio mais definido do que é comum ouvir nas aves desse gênero. A ave leva o nome de David Zylbersztajn, 42 anos, até a semana passada um exemplar de vôo limitado a São Paulo. Como secretário de Energia do governador Mário Covas, Zylbersztajn pôs ordem nas empresas paulistas de energia e já privatizou uma delas, a CPFL, por 3 bilhões de reais. Formado em engenharia pela PUC do Rio de Janeiro e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, David Zylberstajn só fazia aparições fugazes no noticiário nacional por laços de parentesco é genro de Fernando Henrique Cardoso, casado há nove anos com Beatriz, filha do presidente. Na semana passada, ele foi nomeado diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, ANP, que passará a regular o mercado de petróleo no país, e na primeira entrevista que deu na nova função, ao jornal O Estado de S. Paulo, Zylbersztajn já causou certo alvoroço.

Disse que o Estado deve agir como um promotor de investimentos e regulador do setor petrolífero e não como competidor nesse mercado. A tese não chega a ser original, mas deixou no ar a suspeita de que o novo chefe da Agência Nacional de Petróleo poderia estar fazendo uma referência velada à privatização da Petrobrás. No dia seguinte à publicação de suas declarações, Zylbersztajn ligou para o ministro das Minas e Energia, Raimundo Britto, para comentar o assunto, e ambos acabaram resolvendo esclarecer a questão publicamente. Deram entrevista em Brasília afirmando que a Petrobrás não será privatizada no governo Fernando Henrique.

A idéia, na verdade, é que a ANP crie um mercado competitivo no setor de petróleo, ainda hoje dominado pela Petrobrás em razão de meio século de monopólio. Depois disso, aí sim, a Petrobrás poderá ir a leilão. "Não seria prudente vender a Petrobrás num ano eleitoral, pois só criaria confusão", diz um auxiliar de FHC. Em nome da calmaria, até o presidente da Petrobrás, Joel Rennó, deve ficar no cargo. No início da semana, eram fortes os boatos de que sua demissão estava resolvida. Rennó não conta com a simpatia do Planalto, sua cabeça esteve na bandeja mais de uma vez, já teve desavenças com Zylbersztajn, mas ficará onde está, por enquanto.

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